“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu”.
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu”.
Fernando Pessoa.
vale sempre a
pena, quando a alma não é pequena.
Vale
a Pena? fazer ReiKi ou outras práticas a essa pessoa, quando
isso possa contribuir para o prolongamento de mais uns dias de vida e do seu
“provável” sofrimento.
Para mim, esta é uma questão que nem se coloca. Não como Reikiana, mas como
pessoa, pois a compaixão por alguém que está em sofrimento profundo e vê o
momento da morte a aproximar-se, é algo que não é propriedade de uma filosofia,
religião, terapia: é algo inato à essência humana. E dando resposta a um
desafio anteriormente lançado, sobre “Como trazemos Luz à Vida?”, porque não
fazê-lo nesse momento derradeiro da vida, que é a Morte, iluminando o momento
da passagem para o outro lado do véu, com a nossa compaixão, a simples presença
tranquila e terna? É claro que nem o Reiki, nem nenhuma ciência, medicina,
terapia pode iludir a chegada da morte. Se alguém ainda pensa que a “eficácia”
do Reiki ou de qualquer terapia se mede pelo número de mortes que evita ou
curas que alcança, desengane-se! Então, se vamos falar de eficácia nestes
termos, acabem já com os cuidados paliativos nos hospitais!
No vosso dia a dia já sentiram a “eficácia” de um sorriso ou olhar inesperados?
De uma gentileza expressa num abrir de porta? Ou no automobilista que nos dá
passagem no trânsito com um gesto ou aceno de cabeça gentil? Já pensaram como
às vezes um simples abraço nos conforta e faz esquecer as agruras do trabalho,
da condição económica, da família? Se é assim com coisas que se tornam tão
banais perante a Morte, imaginam como pode ser reconfortante ter alguém nesse
momento a simplesmente segurar a mão? A ajudar o espírito a serenar as suas
culpas, medos, apegos da vida que está prestes a deixar, pela simples presença
de outro irmão que ilumina a passagem com a sua compaixão? Com a sua entrega
desinteressada? Como será bom, nesse momento derradeiro, sentir a energia das
entidades de Luz que são atraídas pela Intenção pura de quem assiste, com
compaixão, o Espírito que se aproxima do desencarne?
Se é certo que o comum dos mortais ainda não tem conhecimento da verdadeira
natureza do Homem, ser Bio-Energético, que pela qualidade do campo energético
que emana vai necessariamente influenciar a realidade e as circunstâncias que
atrai à sua volta, para quem tenha o mínimo de formação em Reiki esse é um
conhecimento e uma responsabilidade que se impõe. A assistência no momento da
Morte é tão ou mais necessária, não para aliviar as dores físicas ou alcançar
curas inalcançáveis, mas para preparar o espírito prestes a desencarnar a
manter-se num padrão energético de serenidade, aliviando os seus medos e apego
à matéria, para, de acordo com a sua sintonia energética, atrair do outro lado
planos e Entidades de Luz que o orientarão nessa nova Vida Além da Vida!
Como diz o Poeta, quem passar além do Bojador (a Morte) terá de passar além
da dor, mas essa passagem, sendo inevitável, não tem de ser feita na solidão e
na escuridão do medo, da culpa, do apego ao que fica para trás, atraindo planos
com a mesma sintonia energética, onde mergulhará em sofrimento, bem mais penoso
do que aquele que viveu na matéria. A passagem no momento da Morte pode ser
aliviada por cuidados e assistência até ao último suspiro, que até pode ser o
momento redentor de um Espírito, tocado e iluminado pela compaixão que recebe
no momento da sua morte e que será a lembrança luminosa, que levará como
bagagem dessa viagem.
Marta Sobral
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