quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A MORTE – A SUA MISSÃO PARA A VIDA - Parte I




 A morte não é nem deprimente, nem excitante;
Ela é simplesmente um facto da vida.
“O Livro Tibetano da Vida e da Morte”, Sogyal Rinpoche. 




A MORTE – A SUA MISSÃO PARA A VIDA - Parte I

Quando falamos de Morte normalmente remetemo-nos para a visão que dela temos que mais nos toca, a da perda daqueles que já partiram, seja já num estado de reconciliação, doce memória e aceitação, seja ainda num estado de sofrimento e dor. Ou ainda do Medo, mais ou menos consciente, do momento em que ela se cruzará no nosso caminho. Dessa irei falar em breve. Mas gostaria falar da Morte de outra forma, fazendo-lhe um pouco de justiça e lembrando o quanto dela depende a própria Vida, sendo esta uma perspectiva recente, que me surgiu ao ler um livro que julgo fundamental nos dias que correm, que é a “Décima Revelação” do autor da Profecia Celestina.
Muitos poderão pensar que é um contra senso falar de Morte numa altura do ano tão festiva, em que se renovam votos e intenções perante o nascimento de um Novo Ano e em que, remotamente, no meio dos embrulhos, das compras, das luzes e do néon, alguns ainda se lembram que estamos numa época em que se convencionou honrar o nascimento do Mestre. Não a Morte. Mas se há ensinamento que Jesus fez questão de nos deixar, é o de honrarmos a Vida, buscando o Deus que há em nós e amando o Outro, onde também reside a Divindade de onde todos descendemos. Jesus, com os seus ensinamentos de Mestre do Amor Incondicional, faz um apelo a cada espírito encarnado, de que mantenha viva a lembrança de que só desceu das estrelas e existe na matéria para ser uma fonte de Luz, que é essencial para transmutar a densidade que existe em si, acumulada ao longo de muitas existências, e no planeta. Para cumprir esse desígnio, o espírito quando encarna aceita uma Missão na matéria, que é determinada pelo carma que tem de transmutar, pelos desafios que terá de ultrapassar, para se aperfeiçoar e elevar a sua consciência, e pelo merecimento individual, em harmonia com o nível consciencial alcançado. Cada um de nós quando encarna vem com uma Missão concreta que aceitou vir cumprir na matéria e que determina as condições de cada encarnação, desde o género, a raça, a família, a profissão, as condições económicas, culturais, o país, a cultura, etc…  Mas com o nascimento, cai sobre nós o véu do esquecimento e o espírito encarnado, perante as circunstâncias concretas de cada existência, por acção do livre arbítrio e consoante o seu estado de desenvolvimento da consciência, afasta-se do caminho adequado a cumprir aquela Missão que aceitou e com a qual se comprometeu na Vida para além da Morte, quando desencarnado. A lembrança desse caminho será tanto maior, quanto maior for o nosso empenho em reconhecer e “religarmo-nos” à nossa dimensão divina, pela expansão da consciência, que nos permitirá lembrar-nos daquilo que viemos cá fazer e de que só temos plena consciência na Vida após a Morte.
A Morte surge assim como um mecanismo criado pela perfeita engenharia do Universo, para que cada espírito possa ciclicamente regressar a uma dimensão onde atingimos um nível máximo de expansão da consciência, que nos permite  aceder ao conhecimento global da Vida do espírito através de muitas existências, por um lado, mas também elevarmo-nos à dimensão da existência divina original.
A Morte é, assim, um facto da Vida e essencial à Vida, pois esta só existe quando o espírito aceita o compromisso da reencarnação. E para o fazer, o espírito tem de aceder àquele estado de expansão da consciência, que ocorre quando se liberta da dimensão da matéria, e que lhe permite experimentar uma Visão dos Acontecimentos da Vida Passada* e perceber onde se desviou do caminho inicial. E assim, no ciclo das reencarnações, aceitar o compromisso com a Vida, renovado em mais uma existência.
A Morte, tal como a história que nos foi contada no nosso último Encontro, não é boa, nem é má, é o que tem que ser, para que o compromisso com a Vida se renove e seja assumido pelo espírito em contínua aprendizagem, quando regressamos a casa, do outro lado do véu.

Marta Sobral

Livro referido: A Décima Revelação, James Redfield.



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