A morte não é
nem deprimente, nem excitante;
Ela é simplesmente um facto da
vida.
“O Livro Tibetano da Vida e da
Morte”, Sogyal Rinpoche.
A MORTE – A
SUA MISSÃO PARA A VIDA - Parte I
Quando
falamos de Morte normalmente remetemo-nos para a visão que dela temos que mais
nos toca, a da perda daqueles que já partiram, seja já num estado de
reconciliação, doce memória e aceitação, seja ainda num estado de sofrimento e
dor. Ou ainda do Medo, mais ou menos consciente, do momento em que ela se
cruzará no nosso caminho. Dessa irei falar em breve. Mas gostaria falar da
Morte de outra forma, fazendo-lhe um pouco de justiça e lembrando o quanto dela
depende a própria Vida, sendo esta uma perspectiva recente, que me surgiu ao
ler um livro que julgo fundamental nos dias que correm, que é a “Décima
Revelação” do autor da Profecia Celestina.
Muitos poderão
pensar que é um contra senso falar de Morte numa altura do ano tão festiva, em
que se renovam votos e intenções perante o nascimento de um Novo Ano e em que,
remotamente, no meio dos embrulhos, das compras, das luzes e do néon, alguns
ainda se lembram que estamos numa época em que se convencionou honrar o
nascimento do Mestre. Não a Morte. Mas se há ensinamento que Jesus fez questão
de nos deixar, é o de honrarmos a Vida, buscando o Deus que há em nós e amando
o Outro, onde também reside a Divindade de onde todos descendemos. Jesus, com
os seus ensinamentos de Mestre do Amor Incondicional, faz um apelo a cada
espírito encarnado, de que mantenha viva a lembrança de que só desceu das
estrelas e existe na matéria para ser uma fonte de Luz, que é essencial para
transmutar a densidade que existe em si, acumulada ao longo de muitas
existências, e no planeta. Para cumprir esse desígnio, o espírito quando
encarna aceita uma Missão na matéria, que é determinada pelo carma que tem de
transmutar, pelos desafios que terá de ultrapassar, para se aperfeiçoar e
elevar a sua consciência, e pelo merecimento individual, em harmonia com o
nível consciencial alcançado. Cada um de nós quando encarna vem com uma Missão
concreta que aceitou vir cumprir na matéria e que determina as condições de
cada encarnação, desde o género, a raça, a família, a profissão, as condições
económicas, culturais, o país, a cultura, etc…
Mas com o nascimento, cai sobre nós o véu do esquecimento e o espírito
encarnado, perante as circunstâncias concretas de cada existência, por acção do
livre arbítrio e consoante o seu estado de desenvolvimento da consciência,
afasta-se do caminho adequado a cumprir aquela Missão que aceitou e com a qual
se comprometeu na Vida para além da Morte, quando desencarnado. A lembrança
desse caminho será tanto maior, quanto maior for o nosso empenho em reconhecer
e “religarmo-nos” à nossa dimensão divina, pela expansão da consciência, que nos
permitirá lembrar-nos daquilo que viemos cá fazer e de que só temos plena
consciência na Vida após a Morte.
A Morte surge
assim como um mecanismo criado pela perfeita engenharia do Universo, para que
cada espírito possa ciclicamente regressar a uma dimensão onde atingimos um nível
máximo de expansão da consciência, que nos permite aceder ao conhecimento global da Vida do
espírito através de muitas existências, por um lado, mas também elevarmo-nos à dimensão
da existência divina original.
A Morte é,
assim, um facto da Vida e essencial à Vida, pois esta só existe quando o
espírito aceita o compromisso da reencarnação. E para o fazer, o espírito tem
de aceder àquele estado de expansão da consciência, que ocorre quando se
liberta da dimensão da matéria, e que lhe permite experimentar uma Visão dos
Acontecimentos da Vida Passada* e perceber onde se desviou do caminho inicial.
E assim, no ciclo das reencarnações, aceitar o compromisso com a Vida, renovado
em mais uma existência.
A Morte, tal
como a história que nos foi contada no nosso último Encontro, não é boa, nem é
má, é o que tem que ser, para que o compromisso com a Vida se renove e seja
assumido pelo espírito em contínua aprendizagem, quando regressamos a casa, do
outro lado do véu.
Marta Sobral
Livro
referido: A Décima Revelação, James Redfield.
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