Sexo e Amor –
Joanna de Ângelis
Na sua
globalidade, o amor é sentimento vinculado ao Self enquanto que a busca do
prazer sexual está mais pertinente ao ego, responsável por todo tipo de posse.
O sentimento
de amor pode levar a uma comunhão sexual, sem que isso lhe seja condição
imprescindível. No entanto, o prazer sexual pode ser conseguido pelo impulso
meramente instintivo, sem compromisso mais significativo com a outra pessoa,
que, normalmente se sente frustrada e usada.
Os
profissionais do sexo, porque perdem o componente essencial dos estímulos, em
razão do abuso de que se fazem portadores, derrapam nas explosões eróticas,
buscando recursos visuais que lhes estimulem a mente, a fim de que a função
possa responder de maneira positiva. Mecanicamente se desincumbem da tarefa
animal e violenta, tampouco satisfazendo-se, porquanto acreditam que estão em
tarefa de aliciamento de vidas para o comércio extravagante e nefando da venda
das sensações fortes, a que se habituaram.
O amor, como
componente para a função sexual, é meigo e judicioso, começando pela carícia do
olhar que se enternece e vibra todo o corpo ante a expectativa da comunhão
renovadora.
Essa libido
tormentosa, veiculada pela mídia e exposta nas lojas em forma de artefactos,
torna-se aberração que passa para exigências da estroinice, resvalando nos abismos
de outros vícios que se lhe associam. Quando o sexo se apresenta exigente e
tormentoso, o indivíduo recorre aos expedientes emocionais da violência, da
perseguição, da hediondez.
Os grandes
carrascos da Humanidade, até onde se os pode entender, eram portadores de
transtornos sexuais, que procuravam dissimular, transferindo-se para situações
de relevo político, social, guerreiro, tornando-se temerários, porque sabiam da
impossibilidade de serem amados.
Quando o
amor domina as paisagens do coração, mesmo existindo quaisquer dificuldades de
ordem sexual, faz-se possível superá-las, mediante a transformação dos desejos
e frustrações em solidariedade, em arte, em construção do bem, que visam ao
progresso das pessoas, assim como da comunidade, tornando-se, portanto,
irrelevantes tais questões. O ser humano, embora vinculado ao sexo pelo
atavismo da reprodução, está fadado ao amor, que tem mais vigor do que o
simples intercurso genital.
Sem dúvida,
por outro lado, as grandes edificações de grandeza da humanidade tiveram no
sexo o seu élan de estímulo e de força. Não obstante, persegue-se o sucesso, a
glória efémera, o poder para desfrutar dos prazeres que o sexo proporciona,
resvalando-se em equívoco lamentável e perturbador.
O amor é o
doce enlevo que embriaga de paz os seres e os promove aos píncaros da
auto-realização, estimulando o sexo dignificado, regenerador e calmante.
Sexo, em si
mesmo, sem os condimentos do amor é impulso violento e fugaz.
Joanna de Ângelis
Através de Divaldo Franco
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