No decorrer duma acção meditativa senti a graça que é para as almas os focos espontâneos de oração e gratidão para com elas, e a reflexão
surgiu lembrando o conceito budista da “Impermanência", e em
paralelo as palavras de S. Mateus:"Não
acumuleis para vós tesouros na terra, mas ajuntai para vós outros tesouros no
céu…"
E desta conhecida parábola nasceu uma outra interpretação…No Céu, sendo Céu, lá
não precisamos de tesouros, o que devemos ajuntar são as partículas dos sentires
daqueles com quem a vida nos cruzou. Na derradeira viagem, o único tesouro que
nos é fundamental e precioso é o que se compõe das emissões de uns lábios em
prece, um coração que se condói, um sorriso de boa lembrança, quiçá uma lágrima
de gratidão, testemunhos verbalizados ou não, mas saturados do aroma perene das
flores que semeamos nos outros.
- Que
toda alma labore na construção do seu tesouro e possa partir sem os pesos das dores
perpetradas, liberta das âncoras das mágoas acumuladas, das ervas daninhas que na
alameda do além-vida, ensombrem ou maculem a sua lembrança.
- Que
todos e cada um enquanto encarnados, sejamos ponte de oração para aqueles que na
escuridão não acharam ainda o seu tesouro.
- Que
algures no tempo de cada um, o nosso nome num obituário fomente uma onda
abrangente de sentida prece, de lágrima serena, de um adeus repleto de amor.
- Que todos nós, no caminho da elevação, sejamos garimpeiros do nosso ouro, nas minas, que são o aqui e o agora.
A.
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