Perdas
– Parte I
“… E
de novo acredito que nada do que é importante se perde
verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas,
dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei,
todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se
apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu
para sempre”
Miguel
Sousa Tavares
Apenas
“perdemos” algo, quando ainda prevalecemos em “ Maya”, ou
seja, no sistema ilusório de que algo nos pertence.
Sabemos
ser esta a grande falácia, um sistema criado e alimentado de forma a
que a humanidade se mantenha na ilusão da individualidade e da
separatividade.
Existe
uma outra motivação não menos importante, que são as emoções
ligadas ao que sentimos como perdas.
Pela
assimilação e interiorização destes dois pontos, aumentamos ainda
mais, aquele que é o grande e único “problema” da humanidade, o
medo.
Ainda
que não reconhecido como tal, mas é o medo que nos leva ao estágio
do sofrimento pelo que pensamos serem perdas.
O
medo limita o discernimento, e continua a ser o meio mais usado para
a exploração do homem, pelo próprio homem.
As
perdas materiais, daquilo que julgamos
ser nosso, é um dos grandes engodos que projectam nos seres humanos
a sombra do desespero pelo medo que sentem das modificações e
transformações que essas “perdas” possam vir a ocasionar nas
suas vidas.
Estas
alterações de vida, são por norma, os grandes propulsores de
descobertas de novos talentos e formas de ser, que trazem á vida das
pessoas uma maior harmonia e completude no trabalho, e nas demais
vertentes do ser.
Cabe
aqui a transmissão duma certeza plena:
-
Somos Seres em evolução, cujo percurso d`Alma é o da ascensão,
como tal, toda vivência de situações novas e diferentes do
percurso de vida é sempre para o nosso Bem Supremo.
O
Bem Supremo de um Ser é composto pelas metas alcançadas, caminhos
percorridos, expansão de consciência, auto-conhecimento, que vamos
acumulando ao longo das nossas vidas visando a meta final, ou seja, a
conclusão da missão redentora que nos propusemos através do ciclo
reencarnatório.
É
pela mudança, e esta é tanto ou mais radical conforme a postura dos
envolvidos na mesma, que aprendemos a ver sob o prisma correcto, e
não aquele, em que por norma aferimos tudo e todos ao longo da vida,
e que é o factor “poder
económico”.
Esta
característica está tão entranhada na humanidade, a começar pelas
cúpulas das religiões, que com um simples olhar ao aspecto exterior
de um ser, atrevemo-nos a avaliá-lo, julgá-lo, carimbá-lo, e
colocá-lo na prateleira corresponde da nossa estante de
preconceitos, paupérrima de sabedoria, mas riquíssima de
arrogância.
(
Amados Seres…… Flexibilidade, respeito, compaixão, amor
incondicional, igualdade, fraternidade, são a fórmula alquímica da
transmutação do
pó, em Pó de Ouro.
Que ao término de cada vida, a vossa essência ultrapasse o brilho
das estrelas, seja a mais sublime música das esferas, readquira a
sua identidade natural, ou seja,
A
da Face de Deus )
Perdas
– Parte II
Dentro
do sistema que criamos e que sentimos como perdas, mais ainda que as
materiais, são as “ perdas “ pessoais ou sentimentais, que
acarretam ainda um maior sofrimento, sendo causa comum de profundos
distúrbios emocionais.
-
Separações / Perdas por morte -
Nas
situações de separação por morte, e quando as pessoas não estão
preparadas para essa viagem e nem auferem dos mais básicos
conhecimentos sobre o processo de desencarne, as consequências desse
sofrimento podem ser devastadoras. Quer para os vivos de cá, quer
para os vivos de lá….
Reitera-se
assim a necessidade premente de que a formação referente ao ciclo
da vida/morte/vida, faça parte do ensino académico, seja tema de
estudo e reflexão em grupos de trabalho, seja conversa natural entre
famílias.
Pois
a “morte” é apenas um início, não um fim, é o culminar de um
ciclo de renovação.
Assim,
o sentimento de “perda” nestas situações pode ser atenuado
pelos conhecimentos. Mais ainda pela compreensão da impermanência
inerente á nossa condição humana, e principalmente pelo empenho de
cada pessoa em trabalhar o desapego.
-
Separações / Perdas sentimentais -
É
também pelo desapego, ou melhor, pela falta dele, que a maior parte
dos seres humanos vivenciam em desarmonia os seus relacionamentos
sentimentais.
A
causa primária quer das desavenças enquanto unidos, quer das várias
emoções decorrentes das separações é sempre o apego.
Lembro
que apego não deve ser confundido com amor ou afecto.
Como
explanado por diversas vezes noutras entregas, o apego é composto
por uma, ou várias dependências.
Estas,
ao serem suprimidas pelo corte no relacionamento levam ao já tão
falado sofrimento pelo sentimento de perda, que mais não é que o
período de carência próprio a todas as dependências.
Queridos
Amigos, vivemos tempos de profundas mudanças em que a cada ser lhe é
dada a oportunidade do crescimento individual dentro do colectivo. Ou
seja, mantendo a interacção constante de postura fraterna, é no
entanto através da expansão da consciência que cada um se integra
na unicidade do Todo.
Vivemos
tempos do largar as “muletas”, porque estas, baseiam-se na
desresponsabilização.
Por
séculos entregamos a nossa responsabilidade individual a outros que
supostamente geriam a nossa faceta espiritual.
Sem
uma compreensão integrada, os homens seguiam as normas ditadas por
outros homens, e que pela sujeição do medo, se deixaram conduzir.
É
chegado o tempo do despertar, do reencontro de cada um com a sua
essência divina, da descoberta do sentido da vida.
Do
perceber realmente o significado das Leis Cósmicas, e de que estas,
são o mapa do Caminho.
Muito
mais que não beliscar a Lei, esta, deve ser assimilada, aprimorada,
sublimada pela elevação do padrão de consciência que o trabalho
espiritual proporciona a cada Ser.
São
estas, algumas das facetas que pelo trabalho nos guindam ao patamar
de compreensão onde o sofrimento se dilui, dando lugar ao sentimento
supremo do Universo, que é a Gratidão.
-
Gratidão pelo caminho percorrido
-
Gratidão pelas experiências vividas
-
Gratidão pelo término das mesmas
-
Gratidão pelas demais experiências que nos esperam
-
Gratidão a todos os demais personagens que connosco compõem a
obra-prima da nossa vida
-
Gratidão pela lucidez e a compreensão de tudo o que foi dito,
sentido, e vivenciado.
Abraço
Cósmico
Maria
Adelina
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