domingo, 14 de abril de 2019

PERDAS



Perdas – Parte I

“… E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre”
Miguel Sousa Tavares


Apenas “perdemos” algo, quando ainda prevalecemos em “ Maya”, ou seja, no sistema ilusório de que algo nos pertence.
Sabemos ser esta a grande falácia, um sistema criado e alimentado de forma a que a humanidade se mantenha na ilusão da individualidade e da separatividade.
Existe uma outra motivação não menos importante, que são as emoções ligadas ao que sentimos como perdas.
Pela assimilação e interiorização destes dois pontos, aumentamos ainda mais, aquele que é o grande e único “problema” da humanidade, o medo.
Ainda que não reconhecido como tal, mas é o medo que nos leva ao estágio do sofrimento pelo que pensamos serem perdas.
O medo limita o discernimento, e continua a ser o meio mais usado para a exploração do homem, pelo próprio homem.
As perdas materiais, daquilo que julgamos ser nosso, é um dos grandes engodos que projectam nos seres humanos a sombra do desespero pelo medo que sentem das modificações e transformações que essas “perdas” possam vir a ocasionar nas suas vidas.
Estas alterações de vida, são por norma, os grandes propulsores de descobertas de novos talentos e formas de ser, que trazem á vida das pessoas uma maior harmonia e completude no trabalho, e nas demais vertentes do ser.
Cabe aqui a transmissão duma certeza plena:
- Somos Seres em evolução, cujo percurso d`Alma é o da ascensão, como tal, toda vivência de situações novas e diferentes do percurso de vida é sempre para o nosso Bem Supremo.
O Bem Supremo de um Ser é composto pelas metas alcançadas, caminhos percorridos, expansão de consciência, auto-conhecimento, que vamos acumulando ao longo das nossas vidas visando a meta final, ou seja, a conclusão da missão redentora que nos propusemos através do ciclo reencarnatório.
É pela mudança, e esta é tanto ou mais radical conforme a postura dos envolvidos na mesma, que aprendemos a ver sob o prisma correcto, e não aquele, em que por norma aferimos tudo e todos ao longo da vida, e que é o factor “poder económico”.
Esta característica está tão entranhada na humanidade, a começar pelas cúpulas das religiões, que com um simples olhar ao aspecto exterior de um ser, atrevemo-nos a avaliá-lo, julgá-lo, carimbá-lo, e colocá-lo na prateleira corresponde da nossa estante de preconceitos, paupérrima de sabedoria, mas riquíssima de arrogância.


( Amados Seres…… Flexibilidade, respeito, compaixão, amor incondicional, igualdade, fraternidade, são a fórmula alquímica da transmutação do pó, em Pó de Ouro. Que ao término de cada vida, a vossa essência ultrapasse o brilho das estrelas, seja a mais sublime música das esferas, readquira a sua identidade natural, ou seja, A da Face de Deus )


Perdas – Parte II


Dentro do sistema que criamos e que sentimos como perdas, mais ainda que as materiais, são as “ perdas “ pessoais ou sentimentais, que acarretam ainda um maior sofrimento, sendo causa comum de profundos distúrbios emocionais.
- Separações / Perdas por morte -
Nas situações de separação por morte, e quando as pessoas não estão preparadas para essa viagem e nem auferem dos mais básicos conhecimentos sobre o processo de desencarne, as consequências desse sofrimento podem ser devastadoras. Quer para os vivos de cá, quer para os vivos de lá….
Reitera-se assim a necessidade premente de que a formação referente ao ciclo da vida/morte/vida, faça parte do ensino académico, seja tema de estudo e reflexão em grupos de trabalho, seja conversa natural entre famílias.
Pois a “morte” é apenas um início, não um fim, é o culminar de um ciclo de renovação.
Assim, o sentimento de “perda” nestas situações pode ser atenuado pelos conhecimentos. Mais ainda pela compreensão da impermanência inerente á nossa condição humana, e principalmente pelo empenho de cada pessoa em trabalhar o desapego.
- Separações / Perdas sentimentais -
É também pelo desapego, ou melhor, pela falta dele, que a maior parte dos seres humanos vivenciam em desarmonia os seus relacionamentos sentimentais.
A causa primária quer das desavenças enquanto unidos, quer das várias emoções decorrentes das separações é sempre o apego.
Lembro que apego não deve ser confundido com amor ou afecto.
Como explanado por diversas vezes noutras entregas, o apego é composto por uma, ou várias dependências.
Estas, ao serem suprimidas pelo corte no relacionamento levam ao já tão falado sofrimento pelo sentimento de perda, que mais não é que o período de carência próprio a todas as dependências.
Queridos Amigos, vivemos tempos de profundas mudanças em que a cada ser lhe é dada a oportunidade do crescimento individual dentro do colectivo. Ou seja, mantendo a interacção constante de postura fraterna, é no entanto através da expansão da consciência que cada um se integra na unicidade do Todo.
Vivemos tempos do largar as “muletas”, porque estas, baseiam-se na desresponsabilização.
Por séculos entregamos a nossa responsabilidade individual a outros que supostamente geriam a nossa faceta espiritual.
Sem uma compreensão integrada, os homens seguiam as normas ditadas por outros homens, e que pela sujeição do medo, se deixaram conduzir.
É chegado o tempo do despertar, do reencontro de cada um com a sua essência divina, da descoberta do sentido da vida.
Do perceber realmente o significado das Leis Cósmicas, e de que estas, são o mapa do Caminho.
Muito mais que não beliscar a Lei, esta, deve ser assimilada, aprimorada, sublimada pela elevação do padrão de consciência que o trabalho espiritual proporciona a cada Ser.
São estas, algumas das facetas que pelo trabalho nos guindam ao patamar de compreensão onde o sofrimento se dilui, dando lugar ao sentimento supremo do Universo, que é a Gratidão.


- Gratidão pelo caminho percorrido
- Gratidão pelas experiências vividas
- Gratidão pelo término das mesmas
- Gratidão pelas demais experiências que nos esperam
- Gratidão a todos os demais personagens que connosco compõem a obra-prima da nossa vida
- Gratidão pela lucidez e a compreensão de tudo o que foi dito, sentido, e vivenciado.




Abraço Cósmico
Maria Adelina

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