quinta-feira, 6 de julho de 2017

Como um grito, a questão chegou…



Mais que letras ordenadas, era um grito:

“Diz-me o que fazer para encontrar a Compaixão em mim”

A minha alma contorceu-se de dor, pela dor que trespassava as letras, da alma irmã !
E do fundo de mim mesma os meus braços cresceram, o peito arqueou, arranjando espaço de acolher, de pegar ao colo, de secar lágrimas que sentia a nascer noutro ser, com a distância pelo meio. E o fardo do saber pesou, como chave em fechadura trocada.

“Sabes, cruzei com…, e apesar de estar a olhar para um caco, lembrei em tropel, todo o mal que fez e levou à destruição a quem só lhe quis bem, quis bater-lhe, tanto!”

Senti a impotência em mim, mas neguei-me a desfiar o rosário de soluções inexistentes, aquelas que se servem de fora para dentro.
Peguei na voz, e usei as palavras como sacho de jardim, arando e semeando, e regando com o orvalho da compreensão, porque nenhuma dor é nova, apenas têm ondas de vibração diferenciadas.
Querida alma irmã, não existe resposta à tua questão! A compaixão não é conceito, é matéria celular que se forma e renova a cada extensão da consciência em evolução. 
Por via do conhecimento, quando apreendes as razões da existência, a função da alma, os fórceps da transcendência, cada átomo celular impregna-se desse conhecimento gradual e reinicia toda a estrutura celular com essa impressão (singular) do nível de compaixão (ADN em evolução).
Amiga querida, mas outros milagres são viáveis, e todos os podemos fazer, a qualquer hora, como um abraço sentido e profundo, trave de sustentação onde o peso da dor pode ser partilhado e libertado.

Abraço-te

A.




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