Partilho convosco este excelente trecho do livro do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov "A Realidade do Trabalho Espiritual"
Portanto,
não espereis para começar o trabalho espiritual, o trabalho do pensamento, pois
será graças a ele que encontrareis as melhores soluções para todos os problemas
com que ireis deparar-vos.
Não
conteis com mais nada.
Enquanto
não puserdes este trabalho em primeiro lugar, só tereis decepções, não
conhecereis nem a satisfação nem a plenitude.
Mesmo os crentes dir-vos-ão que contam com o Senhor, com a
Providência.
Mas
então por que é que eles estão sempre doentes, infelizes?
Por
que é que o Bom Deus não vem curá-los e fazê-los felizes?
Simplesmente
porque não pode; Ele não pode ajudá-los porque eles não plantaram nada, não
semearam nada que desse às forças do Universo um motivo suficiente para agirem.
Eles
que lancem uma semente à terra e depois observem como a chuva e o sol vêm
fazê-la crescer...
Sim,
lançai uma semente à terra - simbolicamente falando - e todas as forças do Céu
e da terra estarão convosco, podereis contar com elas para obter resultados.
O
trabalho do pensamento é a única coisa em que acredito; ele dá um sentido
divino a todas as actividades da vossa vida, tornando-as benéficas para vós e
para todas as criaturas do mundo.
Este
trabalho é que vos irá ajudar, apoiar e proteger.
Regra
geral, as actividades profissionais das pessoas só mexem com elas
superficialmente; ir à fábrica ou ao escritório, trabalhar num laboratório,
fazer política, tratar de doentes,.. está tudo muito bem, mas isso não pode
despertar as forças que o Criador nelas depositou, a não ser que ao mesmo
tempo, por intermédio do pensamento, elas façam um trabalho que toque as raízes
do seu ser.
Aprendei
a fazer este trabalho que dará resultados infinitos que ninguém poderá
tirar-vos, pois é um trabalho que realizais em vós mesmos, lá onde ninguém tem
acesso.
Mesmo
que tenhais uma profissão extremamente importante e interessante, começai
também este trabalho interior, que dará um sentido a tudo o resto.
Continuai
com a vossa profissão, mas fazei este trabalho, pois ele é o único susceptível
de vos melhorar profundamente e de dar gosto a todas as vossas actividades.
Senão,
pouco a pouco perdereis o gosto pelas coisas, e perder o gosto é a maior das
infelicidades!
Por
isso vos digo, com toda a franqueza, que para mim nada mais conta além deste
trabalho, que podemos fazer todos os dias e graças ao qual acabaremos por
remexer todo o Universo.
Vou
dar-vos uma imagem.
Estais
à beira-mar e divertis-vos agitando a água com um pauzinho: ao fim de uns
instantes aparecem algumas palhinhas, depois umas rolhas e a seguir um
pedacinho de papel que começam a girar em círculo.
Vós
continuais e alguns barquinhos também entram nesse movimento.
Vós
continuais... continuais... e pouco depois já arrastastes os grandes paquetes e
por fim o mundo
inteiro! É
apenas uma questão de continuação.
Interpretemos
esta imagem.
O
ser humano também está mergulhado num oceano, o oceano etérico, cósmico, mas
não sabe que movimentos deve fazer para influenciar o seu meio e obter
resultados.
Pois
bem, esses movimentos são justamente o trabalho de que eu estou a falar.
Quando
meditais, orais, comeis, vos lavais ou passeais, podeis aproveitar cada uma
dessas actividades para vos tornardes mais puros, mais luminosos, mais
inteligentes, mais fortes e mais saudáveis.
Há
tantas ocasiões em que podeis acrescentar, pela palavra e pelo pensamento, um
elemento susceptível de vos trazer melhorias, a vós e a tudo o que vos rodeia!
Com
o tempo, uma melhoria interior acaba sempre por produzir também melhorias
exteriores.
Portanto,
é isto: o trabalho é que conta e, depois de ter descoberto o verdadeiro
trabalho, o discípulo nunca mais pára.
Eu
recordo-me de que, era eu ainda muito novo, o Mestre Peter Deunov tinha o
hábito de me repetir estas três palavras:
- Rabota,
rabota, rabota.
- Vrémé,
vrémé, vrémé.
- Véra,
véra, véra.»
Isto
quer dizer: o trabalho, o trabalho, o trabalho; o tempo, o tempo, o tempo; a
fé, a fé, a fé.
Ele
nunca me explicou por que é que repetia estas três palavras, mas durante anos
aquilo preocupou-me e eu compreendi que ele tinha condensado nelas toda uma
filosofia, que é a seguinte: é necessário o trabalho, mas também a fé, para
desencadear e continuar esse trabalho, e sobretudo o tempo.
Sim,
é preciso tempo!
Não
deveis julgar que tudo vai realizar-se de repente.
Agora
sei o que é «vrémé»: os anos passaram e eu constato que «vrémé» é algo muito
importante!
E
o trabalho?!...
Quanto
há ainda a dizer sobre esta palavra!
É
claro que os humanos trabalham, fazem uns trabalhos para ganhar a vida, mas
isso não é o trabalho mais importante.
Eles
semeiam, transpiram, cansam-se e julgam que trabalham porque têm uma ocupação
para garantir o pão de cada dia.
Não,
eles ainda não começaram, pois o trabalho, tal como os Iniciados o compreendem,
é a actividade de um ser livre, é uma actividade mais grandiosa.
O
trabalho espiritual subentende actividades de uma natureza particular.
Hoje
eu fiz-vos entrever pelo menos três desses trabalhos, mas há muitos mais à
vossa espera.
Omraam Mikhaël Aïvanhov
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