Quanto
ao encontro deste ano, embora todos os anos saiamos com a grata e confortante
sensação de que “este ano foi o melhor”, a verdade é que partilho o sentimento
do nosso colega Jorge e senti que o encontro deste ano foi o mais especial de
todos.
Começamos
com um “murro no estômago”, sem palavrinhas mansas, que foi ao fundo das nossas
inquietudes, inseguranças e medos. Um apelo directo, sentido e brutal, tal como
aqueles grilhões que nos aprisionam no dia a dia, para que assumamos um
compromisso de alma, assente no Respeito pela partícula de Infinito que existe
em cada um de nós, assumido em cada opção que traçamos para as nossas vidas,
nas suas mais variadas vertentes.
Ouvimos
um estridente apelo para vencermos o Apego ao Medo, que nos fez estremecer as
entranhas, o coração palpitar e uma coragem desconhecida a surgir nesse
turbilhão, resumido nesta questão tão simples: O que é que farias ou mudarias
na tua vida, se não tivesses Medo? A resposta a esta questão ecoará a
velocidades distintas em cada um de nós, mas estou certa que, no silêncio das
nossas inquietações dos dias seguintes, a equação para chegar ao resultado
final já começou a ser traçada.
Se
o caminho “para a” ou “da” felicidade pode ser traçado em função dos passos que
cada um é capaz de dar, ou das limitações que cada um é capaz de reconhecer e
aceitar transcender, só o respeito pela nossa essência, a coragem de ouvirmos o
coração e fazer dele o farol que nos ilumina nos passos da vida, nos
permitirá traçar o nosso caminho, que se faz simplesmente caminhando, passo a
passo, numa cadência em que de uma vez por todas somos chamados a assumir
a patente de “capitães do nosso destino”: aceitando Servir, mas sem
subserviência!
Todo
o Universo nas suas mais distintas manifestações conspira a nosso favor,
emitindo uma vibração de mudança. Da Era de Peixes, onde navegamos livremente
no oceano das nossas opções, iluminadas pelo Sol que nos fez sentir o Apego da
Individualidade, somos chamados a viver na Era de um Aquário, com paredes
de vidro moldadas pela disciplina e rigor de Saturno, onde as consequências das
nossas acções serão reflectidas e limitarão os nossos movimentos, que já não seguem
livres no oceano, não por força de um castigo emanado de Universo
impiedoso, mas na justa medida da responsabilidade individual, moldada pela
sábia engenharia do Universo onde tudo tem retorno.
E
conscientes do início deste novo ciclo de Responsabilidade, bem como da
necessidade de enfrentarmos as circunstâncias que nos limitam neste plano,
tornamo-nos mais serenos perante a dor, que é inevitável, tentando cada dia,
passo a passo, optar por fintar o sofrimento. A dor, como qualquer limitação,
só se vence enfrentando-a, aceitando-a e transcendendo-a, percebendo porque
razão ela se manifestou na nossa vida. E uma vez aceite e percebida, deixemo-la
ir, para que não fiquemos presos no sofrimento. É difícil? É. Impossível? Não.
Consegue-se passo a passo, num caminhar cada vez mais seguro, em que as dúvidas
se aquietam perante testemunhos de outros caminhantes, dos quais o mais tocante
é o de uma Mãe Coragem, dado pela força do seu exemplo, que torna toda e
qualquer palavra desnecessária.
Urge
assim que nos deixemos embalar pelos ventos que trazem a mudança, que a
Intenção com que impregnamos a pegada que deixamos marcada no Cosmos,
pela nossa acção de cada instante, seja marcada por uma vibração em harmonia
com a energia do Cosmos, do Infinito que existe em cada um de nós, para que
assim, um dia, em harmonia com essa energia, possamos voltar às estrelas de
onde todos viemos um dia: não sei que passos darei para alcançar esse destino
ou quanto tempo ainda demorarei, mas estou certa que o caminho se faz nessa
direcção, o que me traz uma inesperada serenidade perante o fim inevitável de
cada etapa neste plano.
Marta Sobral