A depressão não é tristeza. A tristeza é temporária e afeta um todo pela precessão negativa de uma das partes que condicionam o estado de espírito. Já a depressão é permanente, coexiste em no todo com cada uma das partes, apoderando-se de nós, condicionando a nossa forma de ser e de estar e movendo-nos para baixo como uma qualquer força gravítica que não nos deixa elevar o espírito.
A depressão é consequência do desequilíbrio entre o ser, o tempo e o espaço, causado pela permanência de situações e sentimentos desconfortáveis de angústia, de medo, de perda ou simplesmente por uma qualquer rotina com a qual não nos identificamos. Se controlarmos o tempo e o espaço rumamos ao controlo do ser. Temos de ser seletivos nas nossas prioridades, na importância que damos aos acontecimentos, às pessoas e ao meio que nos rodeia. Perspetivar sobre objetivos reais e mesuráveis permite-nos monitorizar a evolução sustentável da nossa vida na concretização da nossa missão. As metas que superamos, desde que reais, constroem os alicerces que suportam a felicidade, o bem-estar e a autoconfiança.
A desmotivação e a frustração caminham de mãos dadas como a depressão e estão, na maior parte dos casos, associadas a atividades rotineiras. Aplicar o nosso tempo em atividades paralelas são a maior fonte de inputs de valor para o nosso percurso. O ser humano necessita de evoluir no conhecimento, no afeto e na autoestima com fontes de geração de valor contantes. Quando erramos penalizamo-nos em demasia, talvez porque a própria sociedade culturalmente o faça de forma inata. O insucesso conduz à frustração, ao desânimo e consequentemente à descrença nas nossas capacidades, mas não devia porque o erro e o insucesso em determinadas metas constituem a maior fonte de aprendizagem e fazem parte do processo cognitivo, da evolução e da maturidade do ser humano.
Quando fazemos o que gostamos temos maior probabilidade de concretização, dada a motivação e um conjunto de energia positivas relacionadas com os elos que nos ligam ao meio. Crescermos enquanto “pedras vivas”, porque não são os objetivos que nos guiam, é a força que empenhamos a concretizar a nossa missão. Pelo caminho apercebemo-nos que os objetivos deixam de ser importantes, porem precisos.
Todos temos valor, embora muitos não tenham essa precessão. Todos produzimos valor e valorizamos o que vai de encontro à nossa precessão de valor. Cada um de nós tem uma unidade de medida distinta e valores próprios que nem sempre são compatíveis com os valores de outras pessoas. Porém os que ousam opinar sobre o que não sabem, desvalorizando e criticando o que não percebem, só porque não vai de encontro aos seus valores: Contaminam os restantes com uma onda negativa que visa a penalização face ao suposto erro, facto que inibe o desenvolvimento, retrai a relação e eleva o potencial de risco associado a uma posição própria, seja por via da opinião, da ação ou mesmo da posição ou ausência dela. Cada qual tem a sua realidade e o choque de realidades pode conduzir à redução da autoestima e à desvalorização do potencial intrínseco em cada um de nós, fomentando a depressão, o isolamento e a desmotivação.
A opinião dos outros remete para a necessidade que temos em estabelecer relacionamentos. Todos temos relações por obrigação, quer seja em contexto de trabalho ou mesmo na nossa vida particular, mas somos livres para escolher o que merece mais atenção, dedicação e entrega. Na vida, como nos relacionamentos, não conseguiremos o pleno, mas podemos trabalhar para melhorar a cada dia, fazendo o que gostamos, dando mais ao próximo, sem esperar receber nada em troca e sem que isso gere um retorno financeiro. Feliz do que constrói a sua felicidade com os seus atos e valoriza o capital não material.
Admitir que precisamos de ajuda é o primeiro passo para “renascer”, aceitar que temos muito para aprender é o segundo, mas só começamos a caminhar ao fim do terceiro passo, quando aprendemos a acreditar em nós. Sair da depressão é um processo lento e demorado, como um quadro que se quer “perfeito”. Cada pincelada na tela faz esbater as cores num toque de amor que nada mais é do que a entrega de valor entre o pintor e a obra. A entrega é mútua, ambos dão de si, mesmo que a tela não tenha consciência, tem propriedades únicas, enriquecidas pelo amor que recebeu em cada pincelada, valores não materiais que consolidam o ser.
A natureza é perfeita na medida em que a perfeição é aceite por cada um de nós como tal. Uma simples flor de jardim é um quadro de amor que tantas vezes não paramos para observar. Isolada num qualquer canteiro, passa despercebida aos olhos do mais comum dos mortais. Para mim, a natureza é perfeita e todos nós encontramos imperfeições na natureza, nem todas criadas pelo homem. Tal como a natureza, também as pessoas são perfeitas na sua imperfeição. Aceitar cada um como é e valorizar o que de melhor tem, absorver a energia positiva em cada troca de valor, é a essência do que somos, o alimento para a nossa saúde espiritual. Vamos ser saudáveis, vamos valorizar o que vale a pena e lutar por o que acreditamos como quem concretiza os sonhos. Vamos ser felizes.
“Façam o favor de ser felizes!”
Miguel Lima
Miguel Lima