O nosso cérebro tem dois hemisférios:
O hemisfério esquerdo é o lado da energia masculina do cérebro e armazena a
razão. Ele é ordeiro, estatístico, lógico, matemático, digital, analítico,
detalhista e pensa em preto e branco. Ele vê as coisas em linhas rectas, pelo
lado racional e prático. Enxerga os detalhes, mas não vê o todo; vê a árvore,
mas não vê a floresta.
O hemisfério direito é o lado da energia feminina do cérebro e armazena a
emoção. É o nosso lado criativo, um espírito livre, é paixão e a
experiência do saborear e sentir, movimento e arte. Ele é analógico, sintético,
global e pensa em cores. Tem uma visão ampla, vê o todo; enxerga a floresta,
mas não repara na árvore.
Utilizando os dois hemisférios do cérebro simultaneamente, você tem equilíbrio
entra a razão e a emoção.
Uma grande diferença entre as duas energias é que a energia masculina observa
as partes e a energia feminina observa o todo.
Tal como na energia, o hemisfério esquerdo não consegue compreender o
hemisfério direito.
Não se pode colocar sentimentos e expressões dentro de caixas, eles têm de ser
sentidos para serem verdadeiramente experienciados. O hemisfério direito
também não compreende como o hemisfério esquerdo percebe as coisas.
Como espécie, agimos principalmente com o hemisfério esquerdo. Isto
significa que, como espécie, temos, essencialmente, um desequilíbrio da energia
masculina. Há um excesso desta energia que é dominante e está constringindo o
lado feminino do cérebro. Não há nada de errado com a nossa energia feminina.
Nós apenas não utilizamos o seu potencial. A nossa energia masculina está
confusa e é por isso que estamos, hoje em dia, onde estamos a nível económico,
político, religioso, nuclear, destruição da fauna, morte de golfinhos e
abelhas, crise de guerras mundiais. O mundo está uma confusão em muitas áreas e
algumas pessoas acham que a crise financeira, a crise política e a crise
nuclear são assuntos completamente isolados porque a energia masculina observa
as coisas em partes. Agora, estamos percebendo que esta maneira de observar as
coisas está limitando o nosso ponto de vista.
A maioria das nossas experiências meditativas centra-se no hemisfério direito
do cérebro – o nosso lado intuitivo, emocional e sentimental. Quando
meditamos, geralmente, sentimo-nos muito bem. Às vezes, durante as meditações,
conseguimos ter visões ou imagens, ouvir sons calmos ou vozes inspiradoras.
Todas estas sensações se localizam no lado direito do nosso cérebro; o
sentimental e intuitivo que nos conecta com nosso corpo mental superior.
Qualquer um que tenha tido experiências meditativas, fica com a sensação de ter
tido uma experiência maravilhosa, mas mal começa a tomar consciência da
realidade, começa a duvidar da validade da experiência que acabou de ter e
começa a ter uma conversa do tipo “Nada disso! É tudo imaginação minha isto não
pode ser verdade, devo ter inventado estas coisas…”
O que acontece, é que o lado esquerdo do cérebro, não foi envolvido na
experiência, ou seja, o teu lado esquerdo, o teu lado lógico, não teve qualquer
envolvimento com o teu lado direito, com o teu lado intuitivo, e por isso não
sabe o que fazer com estas experiências. Então, o teu cérebro desata a
fazer o que os pensadores, aqueles que têm a mente muito activa, geralmente
fazem, começa a rejeitar as tuas experiências intuitivas utilizando questões
puramente lógicas, emocionais e racionais. E como a tua experiência foi
puramente sentimental e (abstracta) intuitiva, não tem por isso uma base
lógica, racional de sustentação. E é assim que começamos a diminuir as experiências
internas que temos, com tanta facilidade.
Este é só um dos exemplos do que acontece quando os teus dois hemisférios
cerebrais não estão a trabalhar em conjunto tal como deveriam. O teu lado
lógico mantém-se céptico e por vezes até cínico, acerca do valor das
experiências que acontecem no teu lado direito ou intuitivo. É como usar só um
motor do barco num percurso e, em que, se utilizares os dois motores, chega lá
muito mais depressa.
Então, significa que existe aqui um desafio a ser superado! Ou seja, temos
estas experiências maravilhosas, estes ‘insights’ e visões fantásticas que são
potencialmente e extremamente úteis ao nosso progresso e desenvolvimento, mas
assim que saímos daquele estado meditativo e começamos a utilizar o lado
lógico/esquerdo do cérebro surge a dúvida e os questionamentos.
E como é que resolvemos esse impasse?
Como conseguiremos ter os dois lados do cérebro funcionando em conjunto e em
harmonia?
Integração e aceitação das diferenças, é a resposta.
M.C. Pereda